simplificar é...
Da série Frases para complicar (2)
"O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem."Guimarães Rosa
Simplicidade
É uma canção, do Pato Fu. Ó:
Vai diminuindo a cidade
Vai aumentando a simpatia
Quanto menor a casinha
Mais sincero o bom dia
Mais mole a cama em que durmo
Mais duro o chão que eu piso
Tem água limpa na pia
Tem dente a mais no sorriso
Busquei felicidade
Encontrei foi Maria
Ela, pinga e farinha
E eu sentindo alegria
Café tá quente no fogo
Barriga não tá vazia
Quanto mais simplicidade
Melhor o nascer do dia
Da série Frases para complicar (1)
“Sempre me interessou muito ver até que ponto uma coisa é determinada pelo acaso ou não. Ou até que ponto o que chamamos de acaso não é falta de uma percepção apurada para enxergar a ordem que existe nas coisas, já determinada.”Marco Antônio Guimarães, violoncelista, arranjador e diretor musical do grupo Uakti, em reportagem na revista Vida Simples, junho de 2006.
Simples confortos
Você já entrou numa casa muito simples, talvez um casebre até, e sentiu a vida pulsar ali?
E já sentiu uma espécie de vazio ao entrar em uma casa reproduzida a exemplo de uma revista de decoração, sem uma única almofada fora do lugar, sem um porta-retrato ou arranjo de flor desparelho?
Se a resposta for sim para ambas as perguntas, bem, isso quer dizer alguma coisa. Será que as pessoas que visitam você em sua casa sentem a vida pulsar nela?
Na foto, um pé de cáqui que tá crescendo em uma das minhas pequenas floreirinhas. Enfiei ela ali, despretensiosamente, e a semente se ergueu assim, decidida. Preciso fazer minha parte depois de receber um presente desses: achar um lugar pra semente cumprir seu simples e magnífico destino, virar uma árvore.
Receita para se chegar a lugar algum
Desejar o máximo de intensidade com o mínimo de compromisso.*
Ser feliz, realizado, enfim, ser qualquer coisa positiva nessa vida exige comprometimento.
Com o que você verdadeiramente se compromete?
*Frase numa reportagem sobre sexo na Vida Simples de junho de 2006
Friiiizzzzz
Há shampoos anti-frizz, você sabe. Deixam o cabelo lisinho, domado.
Na vida, um pouco de frizz faz as coisas acontecerem. Mas às vezes a gente se vicia nesse estado frizz e continua nele sem ver nada acontecer, sem provocar nada de realmente importante. Receita anti-frizz nesses casos:
Restrinja a informação, busque mais emoção, acione sua sensibilidade e adicione delicadeza.
Pronto. Passou. E você pode aproveitar esse momento anti-frizz para reunir forças para um próximo momento frizz realmente importante.
Por que ficar de pijama é bom?
Acho que encontrei a resposta numa edição da Vida Simples de junho de 2006. Ficar de pijama é bom porque...
“... é deixar o tempo passar num limbo descompromissado entre ontem e hoje”.
Você consegue criar e usufruir de limbos descompromissados entre o ontem e o hoje e o amanhã?
Você consegue se descompromissar?
E, em conseguindo se descompromissar, você se dá bem com o descompromisso? O recebe bem, fica tranqüilo e apenas relaxa? Se a resposta for sim, você tem muito a dizer (ou ensinar) neste blog.
Meditar = não-saber, não-pensar
É fato que o ato se elaborou bastante, virou moda, virou, virou, virou até complicar... Mas meditar, essencialmente, é bastante simples.
“Deixe-se envolver pela nuvem do não-saber, esse estado vazio do não-pensar. Uma maneira fácil de chegar lá, diz o autor de A Nuvem do Não-Saber ("obra-prima da espiritualidade cristã escrita no século XIV por um monge anônimo inglês", diz o Google), é repetir uma frase até a mente se tranqüilizar. O monge beneditino autor do livro citado sugere abandonar qualquer tipo de imagem ou pensamento, mesmo o mais fervoroso. E indica: ‘Tome uma só palavrinha, de uma sílaba (...). Prenda essa palavra ao seu coração, de modo que, aconteça o que acontecer, ela jamais saia dele’.”*
Qual é o seu mantra?
*Copiado de texto de Liane Alves, pg 63, revista Vida Simples, novembro de 2005.
Faça como as zebras
A pista é de um neurocientista americano chamado Robert Sapolsky, 49 anos. Entre os seus livros, está “Por que Zebras Não Têm Úlcera”, editora Francis.
Em resumo, ele acredita que o problema começa quando antecipamos as coisas, no pensamento. Ao fazer isso, nos estressamos, e o estresse mata neurônios.
Segundo ele, as zebras não se antecipam, logo, não se estressam nem matam neurônios (mas eu me pergunto: pra que servem os neurônios delas?). As zebras só se estressam quando o leão está na frente delas, em carne e osso, prestes a atacá-las. Quando ele some, elas voltam ao estado normal e nem lembram de contar pra ninguém ou pro travesseiro no final do dia.
Ó uma resposta dele em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo em abril deste ano:
“Somos inteligentes o suficiente para pensar em situações estressantes, antecipá-las, antecipá-las de novo, muito antes de que realmente aconteçam, se é que vão realmente acontecer, antecipá-las neuroticamente quando elas nunca vão acontecer de verdade, mas já aconteceram uma vez, reviver e reviver as mais marcantes inúmeras vezes...”
Então, ele diz que temos de ser menos cerebrais, ou seja, mais superficiais. E de que forma conseguir isso? Usando a própria capacidade cerebral:
“Se você conseguir raciocinar, conseguirá discernir se o que o está estressando é uma realidade, digamos, física ou apenas psicossocial. Se for física, pode se estressar. Se for psicossocial, esqueça. É apenas isso: simples – e impossível”.
Quer saber mais sobre o cara?
www.meta-library.net/bio/sapolsky-body.htmlou
http://en.wikipedia.org/wiki/Robert_Sapolsky
A universidade dos sentidos
Sim, ela existe. Em Milão (Itália) desde 1998.
A missão da Universidade da Imagem é “potencializar a criatividade de quem passa por lá, apurando os cinco sentidos: olfato, tato, paladar, visão e audição”, como escreveu Fábio Seixas em reportagem publicada no caderno Sinapse, da Folha de S.Paulo, em 29/10/2002.
As referências que encontrei numa rápida pesquisa no Google foram:
A Università dell'Immagine fica na Via Bugatti, 7 - via Forcella, 13 – 20144, em Milano. E-mail: info@universitadellimmagine.com
Antes de mais nada...
1 - Por que este blog existePor causa dos arrepios.
Explico.
Este blog existe porque eu acredito que a felicidade está em ser simples (não confundir com trilhar o caminho mais fácil, por favor).
Pra começar: ser simples (e feliz?) é fazer aquilo em que se acredita (em outras palavras, ser fiel – por vezes a algo que nem se sabe o que, e que por isso fica difícil defender, manter, afinal, todos nos cobram argumentos a toda hora).
Uma vez, ao me ver cheia de dúvidas, indecisa e, por isso, estagnada, minha amiga me disse: faz aquilo que ao ser pensado te provoca arrepios na espinha.
Pois bem: pensar na produção deste blog me provocou um arrepio na espinha.
2 - O que não posso esquecerEste blog não me exime de nada.
Do Contardo Calligaris (caderno Mais!, 13/10/2002):
“Caso você pretenda mudar o mundo, lembre-se de que, provavelmente, você não está à altura do mundo mudado segundo seu desejo. (...) Quem quer mudar as coisas facilmente esquece de contar-se entre os itens a serem mudados”.
3 - A inspiração máxima(foto)
Este blog é francamente filho bastardo, ilegítimo, mas eternamente devoto, desta revista: http://vidasimples.abril.com.br
Várias coisas aqui virão dela. Mas tudo será devidamente creditado.
4 - Dica importanteSe você acha que uma vida simples é uma vida desbotada, bem... você ainda não está preparado para este blog.
Nem para a VVS, a Verdadeira Vida Simples.
Agora, aos simples posts, pois. Divirta-se e, sempre que possível, simplifique as coisas.
(E, depois, ensine aqui como.)