Quem escreve é...
um organizador de sinais, um desenhista, um designer, um semiólogo.
Li essa frase no twitter do professor Ungaretti (@editorwu) creditada a Vilém Flusser (who?).
E daí?
Bom, vamos por partes.
Ungaretti foi meu professor na Fabico, e devo a ele ter conseguido me formar na época em que me programei pra isso. Ele foi meu orientador também. Eu acho, quer dizer, eu tenho certeza de que eu era uma das poucas alunas a gostar de verdade das aulas dele. De ver valor ali. Enfim.
Todo mundo achava ele louco demais, pra dizer o mínimo. Mas o que o Ungaretti me ensinou tem mesmo muito valor: "Vc, todo normalzinho, fez o que da sua vida com tanta normalidade?".
Vilém Flusser é um filósofo tcheco naturalizado brasileiro que nasceu em Praga em 1920 (uau, adoro os anos 20). Fugindo do nazismo é que veio parar em São Paulo, onde atuou como professor e jornalista (ouiééé). Morreu em 1991.
Isso eu tireu da wikipedia, porque nunca tinha ouvido falar do cara até o Ungaretti citá-lo no twiter. Viu?, por isso eu gostava do prof Wladimir Ungaretti. Ele sempre me apresentava a alguém.
A frase do Flusser tem tudo a ver com uma coisa que eu disse um dia desses. Que vinha a ser mais ou menos isso: escrever é fotografar.
Bons textos são aqueles que conseguem, pela precisão das palavras, frases, pela combinação delas, conseguem desenhar, ou nos fazer montar, construir uma cena na cabeça tão real, mas tão redondinha que parece... uma fotografia.
Eu, pelo menos, adoro textos assim. Posso não concordar com o autor mas, se o texto fez isso, não consigo não ler até o final. O texto te envolve.
E tem um outro sentido também: quando escrevemos, tomamos UM caminho e abrimos mão de todas as outras possibilidades de narrativa que tinha aquela MESMA história. Escrever é escolher. Escolher um ângulo. Igual a fotografar! Um mesmo cenário pode render diferentes fotografias.
Então, eu me identifiquei muito com a frase do Flusser. Adorei ter conhecido o Flusser, já acho ele o máximo só por causa dessa frase e, mais uma vez, sou grata ao Ungaretti.
Que mais podemos querer de um professor?