De Rubem Alves, mestre (2):
Acho que eu já tinha lido esse trecho em algum lugar. O fato é que hoje o revi no
blog da Merit e entendi que ele pode entrar aqui no Simplificar É. Embora isso que o texto diz não seja nem de longe algo simples de executar.
"... para ouvir são necessários dois requisitos: 'Ficar em silêncio só por delicadeza. Na verdade, não se ouve o que outrem fala. Enquanto se é falado, o ouvinte pensa nas coisas que iria falar quando terminar a fala (tola) do interlocutor em questão. Fala-se como se outrem não tivesse falado'. Depois: 'Ouvir o que se falou. Mas isso que foi falado como novidade o ouvinte já pensou há tempo. É coisa velha para quem escuta, tanto que nem precisa pensar sobre o que foi falado'. Em ambos os casos, o ouvinte está chamando o interlocutor de tolo. O que seria pior que uma bofetada. O longo silêncio quer dizer: 'Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou'. E assim vai a reunião. Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E aí, quando se faz o silêncio dentro, começa-se a ouvir coisas que não se ouvia." (ESCUTATÓRIA - RUBENS ALVES).