As voltas que o mundo dá
Acho no mínimo intrigante o fato de que, na maior parte das vezes, o que falamos - seja como consolo a um amigo, seja numa discussão, num sermão etc - o que falamos ao outro serve, no fundo, no fundo, a nós mesmos.
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Lembrei da historinha aquela da mãe que foi pedir ao monge/ao lama, sei lá, alguém ícone assim, para que ajudasse seu filho a parar de comer tanto doce. O velhinho ouviu o lamento da pobre mãe, ao lado do (gordinho) filho e nada fez. Apenas disse para que voltassem na semana seguinte. E eles voltaram sei lá quantas vezes, e o velho sábio repetia: voltem na semana que vem. Até que um dia o velho disse diferente: olhou pro gurizinho e falou simplesmente para que ele parasse de comer doces.
A mulher, indignada, quis satisfações: se era só isso por que ele não havia dito antes? O velho sábio disse então que ele próprio precisava parar de comer doces antes de dizer isso ao filho dela.
O que eu gosto dessa história é que realmente uma coisa dita com plena verdade de ação, ou seja, uma coisa dita porque de fato ela é feita, tem uma força absurda. Bem diferente daquela dita da boca pra fora, sem que examinemos nossos próprios atos.
Quem já experimentou sabe do que eu tô falando.
As coisas ditas da boca pra fora formam um lixo invisível, mas não menos poluente. Porque em todas as dimensões energéticas, das mais materiais até as mais sutis, em todas elas temos nossos lixões.