Zé Peixe
Este blog inexistiria não fosse eu ter conhecido a Vida Simples - fica evidente, assim, como aprecio a revista. Assino a Vida Simples há quase dois anos, mas - ainda que continuasse a folheá-la admirada pela beleza e pelas sacações das pautas - confesso que ultimamente vinha tratando sua chegada mensal como qualquer coisa... Até que a edição de abril me pegou de novo, como nos velhos tempos. Outras edições virão, talvez eu vá me tornar assinante de outra revista, o tempo vai passar, mas tenho certeza de que nunca mais vou esquecer a matéria sobre o Zé Peixe. Inacreditável figura esse Zé Peixe. Passa lá no link da revista e lê você mesmo. É o tipo de matéria que resume por que a revista me marcou desde a primeira vez que a vi. Ser simples é a tarefa mais difícil dessa vida, desse mundo. E quando você encontra exemplos reais, como o do seu Zé Peixe, leva um baque tão grande que é impossível não questionar tudo a sua volta.
Ele faz a mesma coisa há mais de 60 anos. Tem 80. Não tem filhos, vive no mar (e de que jeito! vc precisa ir lá ler!), tem uma casinha, um casebrezinho pintado de azul por dentro (olha o simbolismo com o mar...), uma bicicleta e a admiração de muita gente. O que incomoda o leitor é.. Ok, não vou colocar vc nessa. Vou confessar: o que me incomoda (no bom sentido, espero) é perceber que esse 'nada' de vida dele, essa simplicidade toda, é maior que o tudo que eu julgo ter ou precisar. É imensamente maior.
Caramba, qual o segredo?
Soltas...
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Alguém, por favor, me lembra de na próxima vez não ir ao Mercado Público em época de Semana Santa? Obrigada.
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Bem, você seguramente já viu uma pessoa gorda, muito gorda, e num lampejo de generosidade, pena, compreensão, sei lá e, ok, um pouco de divertimento, gastou alguns segundos de seu pensamento imaginando-na numa situação corriqueira constrangedora, só pra emendar um "Ó, coitado(a)". Tipo: passar na roleta do ônibus. Hoje eu vi uma pessoa muito gorda. No ônibus. Não, ela não chegou a entalar na roleta. Só porque não tentou passar. Espremeu uns três e desceu pela porta da frente, acompanhada da fingida indiferença dos demais.
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Você anda de ônibus e pode não ouvir a voz das dezenas de pessoas que fazem o mesmo que você naquele instante. Mas é como se todas falassem. Você não sente assim? Pela roupa, pelos gestos, pela escolha do banco, pela bolsa, pelo celular, pro lado que prefere sentar ou olhar. Tudo isso é como se falassem contigo. Você também está falando com elas. Um diálogo para ser esquecido, claro... Mas ele existe.
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Mas a rigor, sem viagens lorainescas, o silêncio impera no ônibus, salvo um papinho aqui, de amigos, conhecidos e tals... Mas dessa vez estava bem silencioso. E de repente começa a tocar a musiquinha do filme Psicose, sabe? Vai crescendo, crescendo, como naquela cena do filme mesmo. Era o celular do cobrador.
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Juro, mas por 30s hoje tive certeza de que mastiguei algum vestígio de barata no bife de proteína de soja daquele restaurante. Acho que não dá nada, mal não deve fazer... mas tive de me segurar e comer logo outra coisa em cima, pra não pensar mais.
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Era isso por hoje. Férias deixam a gente meio abobada.