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É a teoria 43 da Fernanda:
Que o que não seja leve,
O vinho leve
Da série "Histórias simples"
Era uma tarde de sábado, provavelmente, e fomos eu e minha sobrinha, lá com seus sete/oito anos, à padaria do bairro onde mora minha mãe. O mimo da avó era a permissão de trazer, além dos pães, docinhos de brigadeiro. Para ela, Laura, minha sobrinha, claro, e lá nos fomos. Não lembro ao certo, mas a Laura deve ter escolhido com rigor quais, entre dezenas de negrinhos expostos, levaria para saborear na casa da avó.
De volta à cozinha, agora lembro bem, sentou-se à ponta da mesa, com o pratinho de plástico e seus três negrinhos. Comeu um - lentamente. Comeu o segundo - talvez mais lentamente ainda. E parou. Percebi o terceiro docinho jazendo sozinho na ponta da mesa, e ela na frente, distraindo-se com qualquer coisa que passasse ou lhe viesse à cabeça. Instantes depois, perguntei "Laura, não vai comer o negrinho? Tava ruim?". Ela então me respondeu, confirmando o que eu já sabia, ou seja, que estavam saborosos: "Vou, tia, mas daqui a pouco". Eu: "Por que esperar?". Atenção para a sabedoria infantil: "Porque é o último".